É normal sentir Ansiedade ?
A Ansiedade seria uma atitude normal e global do organismo, portanto fisiológica, responsável pela sua adaptação a alguma situação nova e atual. O simples ato de despertarmos e nos levantarmos pela manhã, exige de nosso organismo um pequeno grau de ansiedade necessário para nos adaptarmos à nova situação; antes dormindo, depois acordado e, agora, levantado. Essa (pequena) ansiedade é então normal e necessária.
Em outras situações do cotidiano necessitamos de um grau de ansiedade maior. Vejamos, por exemplo, as mudanças acontecidas em nossa performance física quando um cachorro feroz tenta nos atacar, quando fugimos de um incêndio, quando passamos apuros no trânsito, quando tentam nos agredir e assim por diante. Diante de situações novas, às vezes perigosas, nossa performance física pode ter um desempenho extraordinário, pode fazer coisas que normalmente não seríamos capazes de fazer em situações mais calmas. Se não existisse esse mecanismo que nos coloca em posição de alerta ou alarme, que é a ansiedade, talvez nossa espécie nem teria sobrevivido às adversidades encontradas pelos nossos ancestrais.
Entretanto, embora a Ansiedade favoreça a performance e a adaptação do indivíduo às circunstâncias, ela o faz somente até certo ponto, até o ponto onde nosso organismo atinja um máximo de eficiência. A partir desse ponto máximo de adaptação a Ansiedade, ao invés de contribuir, promoverá exatamente o contrário, ou seja, poderá resultar na falência da capacidade adaptativa. A partir desse ponto crítico, a Ansiedade será tanta que não mais favorecerá a adaptação, promovendo então o Esgotamento da capacidade adaptativa. Vejamos ao lado, a ilustração de um gráfico hipotético, onde teríamos um aumento da adaptação proporcional ao aumento da Ansiedade até um ponto máximo, com plena capacidade adaptativa. A partir desse ponto o desempenho ou adaptação cai vertiginosamente. Aí se caracteriza o que chamamos de Esgotamento. Esgotamento da capacidade adaptativa.
Cientificamente a Ansiedade é a mesma coisa que Estresse. Ao experimentar a Ansiedade o organismo estaria experimentando o Estresse, embora no conceito leigo, quando se diz que Fulano está com Estresse, as pessoas querem dizer que Fulano está atravessando uma fase de extrema Ansiedade e, possivelmente, de Esgotamento. Assim sendo, apenas para facilitar o entendimento cultural da questão, vamos dizer aqui que Estresse seria a mesma coisa que Ansiedade exagerada ou patológica.
Devemos considerar o Estresse uma ocorrência fisiológica e normal no reino animal. O Estresse é a atitude biológica necessária para a adaptação do organismo a uma nova situação. Em medicina entende-se o Estresse como uma ocorrência fisiológica global, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista emocional. As primeiras pesquisas médicas sobre o Estresse estudaram toda uma constelação de alterações orgânicas produzidas no organismo diante de uma situação de agressão.
Fisicamente o Estresse aparece quando o organismo é submetido a uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção, por exemplo, ou, do ponto de vista psico-emocional, quando há uma situação percebida como de ameaça. De qualquer forma, trata-se de um organismo submetido a uma situação nova (física ou psíquica), pela qual ele terá de lutar e adaptar-se, conseqüentemente, terá de superar. Portanto, o Estresse é um mecanismo indispensável para a manutenção da adaptação à vida, indispensável pois, à sobrevivência.
Do ponto de vista fisiológico, o Estresse é, por assim dizer, uma atitude fisiológica (normal) responsável pela adaptação do organismo às situações de perigo. Vejamos, por exemplo, as mudanças acontecidas em nossa performance física quando um cachorro feroz tenta nos atacar, quando fugimos de um incêndio, quando passamos apuros no trânsito, quando tentam nos agredir e assim por diante. De frente para o perigo nossa performance física faz coisas extraordinárias, coisas que normalmente não seríamos capazes de fazer em situações mais calmas. Se não existisse esse mecanismo a nos colocar em posição de alerta ou alarme, talvez nossa espécie nem teria sobrevivido às adversidades encontradas pelos nossos ancestrais.
Como a Ansiedade (ou Estresse) tem uma conotação global ao organismo, ela proporcionará alterações físicas e emocionais. Vejamos ambas.
Como sentimos emocionalmente a ansiedade ?
Psicologicamente, e normalmente, a Ansiedade aparece em nossa vida como um sentimento de apreensão, uma sensação de que algo está para acontecer, uma expectativa e um estado de alerta. Quando mais intensa, a Ansiedade é responsável por uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem começamos, um estado de "susto crônico e contínuo".
É assim que o Domingo das pessoas ansiosas tem uma apreensão de segunda-feira e antes de dormirem já pensam em tudo que terão de fazer quando o dia amanhecer. É a corrida para não deixar nada para trás. É um estado de alarme contínuo e uma prontidão para o que der e vier. As férias são tranqüilas e festivas apenas nos primeiros dias mas, logo em seguida, começam a se agitar: ou porque sentem que não estão fazendo alguma coisa que deveriam fazer, embora não saibam bem o que, ou porque pensam em tudo aquilo que terão de fazer quando as férias terminarem.
Quando a Ansiedade é crônica e exagerada, ou quando há Esgotamento conseqüente, surge um quadro clínico mais exuberante. Nas diferentes pessoas esse quadro de Ansiedade patológica pode assumir características também diferentes. Algumas pessoas traduzem seu Esgotamento num quadro de Fobia, outras apresentam Pânico, outras ainda, manifestam Somatizações, alguns se sentem deprimidos e assim por diante. Veremos isso adiante.
Como sentimos fisicamente a Ansiedade?
Fisicamente há, no Estresse ou Ansiedade, alterações bastante significativas. A necessidade de se adaptar tem início no Sistema Nervoso Central (SNC) e daí passa a comprometer todo o organismo. A região neurológica mais importante para o início do processo orgânico de ansiedade é o Hipotálamo, uma região capaz de integrar uma série de informações recebidas pelo SNC. Depois de integradas essas informações o Hipotálamo age sobre a "glândula chefe" do sistema endócrino, a Hipófise, situada em seu assoalho.
A Hipófise, então, como "glândula chefe" , passa a estimular toda a constelação endócrina do organismo. As Supra-Renais (cuja produção inclui adrenalina e cortisona) são glândulas da maior importância no processo de Ansiedade e Estresse. Portanto, através de um esquema neuro-endócrino-visceral todo organismo participará da atitude do Estresse e da Ansiedade, como veremos adiante.
Segundo Kaplan, a Ansiedade patológica tem uma ocorrência duas vezes maior no sexo feminino e se estima que até 5% da população geral tenha algum tipo de Transtorno de Ansiedade. Sendo a Ansiedade uma grande mobilizadora do Sistema Nervoso Autônomo, neste tipo de transtorno encontramos, sobretudo, uma rica sintomatologia física. Esta é uma razão mais que suficiente para que tais pacientes freqüentemente percorram um exaustivo itinerário médico. Sobre a sintomatologia geral da Ansiedade aumentada, comumente se observa pelo menos SEIS dos 18 sintomas seguintes:
01 - tremores ou sensação de fraqueza 10 - náuseas e diarréia
02 - tensão ou dor muscular 11 - rubor ou calafrios
03 - inquietação 12 – polaciúria (urina muitas vezes)
04 - fadiga fácil 13 – sensação de bolo na garganta
05 - falta de ar ou sensação de fôlego curto 14 - impaciência
06 - palpitações 15 - resposta exagerada à surpresa
07 - sudorese, mãos frias e úmidas 16 - pouca concentração ou memória prejudicada
08 - boca seca 17 - dificuldade em conciliar e manter o sono
09 - vertigens e tonturas 18 – irritabilidade
Esses sintomas são de natureza inespecífica, podendo surgir indistintamente em todas as pessoas submetidas à forte estresse. Trata-se de manifestações basicamente psico-neuro-biológicas conseqüentes ao desequilíbrio do Sistema Nervoso Autônomo. Tal quadro costuma estar relacionados ao Estresse crônico, tem um curso flutuante (vão e vêem) e tendência a cronificação quando não tratado.
Por outro lado, além das manifestações gerais e inespecífica da Ansiedade, podemos ter uma repercussão individual, pessoal e de acordo com as predisposições de personalidade. Aí surgem então os quadros e sintomas psíquicos da Ansiedade Patológica.
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